Já tínhamos tratado do tema em uma postagem publicada em 06/04/2012 (“PORQUE
AS LEIS NÃO FUNCIONAM NO BRASIL”).
Nessa postagem, procurávamos chamar à atenção dos
leitores os rumos nada racionais com que o tema vinha sendo tratado – e nele,
pudemos exercitar a verve de nossa psique, incluindo comentários em que nossa
ironia chegava a tal despropósito de sugerir a seguinte situação:
- “Pelos rumos que vêm sendo dados
à “lei seca”, sua próxima revisão (sim, já estou prevendo a necessidade de uma revisão
da revisão em curso...) vai estabelecer um “índice negativo de alcoolemia” como tolerância...”
Lógico, o comentário (feito sob absoluta condição de
“licença poética”) não tinha o menor sentido do ponto de vista racional,
bastando-se apenas como um subterfúgio pessoal para enaltecer nossa
criatividade e imaginação...
Pois não é que a realidade
suplantou nossa imaginação?
...
-
“O
comerciante Otávio Pinto foi pego numa blitz da Lei Seca na madrugada desta
quinta-feira (31), na Via Anchieta, em São Paulo. O
teste do bafômetro indicou 0,07 miligramas de álcool. O comerciante disse que bebeu numa
festa, no dia anterior”.
Para se ter uma idéia do nível de álcool contido nesse
comerciante flagrado em uma blitz da lei seca, considere que se uma pessoa
comer um bombom com licor e efetuar imediatamente o teste do bafômetro, o
equipamento indicará 1,25 miligramas de álcool
(veja matéria publicada no site da revista AUTOESPORTE, NOVA
LEI SECA PEGA BOMBOM DE CONHAQUE E OUTROS PRODUTOS COM ÁLCOOL).
Se ler a matéria, não se deixe enganar por sua
tendenciosidade implícita, quando ela sugere que “depois
de pelo menos dez minutos, nenhum item oferece risco”.
Mas como não oferece “risco”, se o nível de alcoolemia de
quem consumiu o bombom com licor era inúmeras vezes superior ao do comerciante
flagrado na blitz?
Então, o comerciante foi
injustiçado?
Sim, foi.
E como ele, muitos outros o serão.
Mas não se preocupe, esse alguém, com um nível de
alcoolemia absurdo de 0,07, um risco em
potencial para a sociedade, estará fora das ruas (e esse alguém até poderá ser
eu ou você, caso cometamos a ousadia de pedir num restaurante um filé ao molho madeira)...
Em compensação:
-
Se um
motorista cruzar o sinal vermelho defronte a uma escola a 130 km por hora e não
houver bebido (nestes casos, a velocidade máxima permitida pela legislação,
como regra, é de 30 km), “beleza”...
As crianças que se cuidem...
Continuamos perdendo tempo discutindo o endurecimento da
“lei seca”, enquanto o problema continua sendo, simplesmente, o de cumprimento
básico da legislação...
Para abreviar, enfatizo mais uma vez que não sou, em
nenhuma hipótese, a qualquer tempo, favorável a que motoristas desequilibrados
conduzam veículos pelas ruas do Brasil.
Em resumo:
-
Todo
o entorno que move a nova “lei seca” é uma falácia – os políticos não estão nem
aí em, efetivamente, garantir a segurança das pessoas no trânsito; tudo o que
eles querem é dar a impressão de que estão “agindo conforme as expectativas do
povo...” e, COMO NÃO QUEREM TER TRABALHO, ESTABELECERAM UMA LEGISLAÇÃO RIDÍCULA,
VEXATÓRIA, QUE SÓ FARÁ COM QUE JUSTAMENTE AS PESSOAS DE BEM PASSEM A SE RECUSAR
EM FAZER O TESTE DO BAFÔMETRO – pois os verdadeiros “bêbados”, não ingerem “duas
ou três tulipas de chope” (e eles estão muito felizes com essa legislação...).
...
E EU QUE ACHAVA QUE ATÉ A HIPOCRISIA TINHA LIMITES...
...
Por que as leis não funcionam no Brasil?
Você ainda tem dúvida?
...
Fontes:
Acesso em 01/02/2013, às 01h20.
Acesso em 01/02/2013, às 01h20.